Ele não sabia ao certo o por que de tudo aquilo... Por que ele lutava? Todos ali tinham um motivo para lutar, não tinham? Porem ele não tinha certeza do dele... Ele lutava por que ele podia, não por que ele tinha algo que ele quisesse satisfazer com a vitória.

Em pouco tempo Ryoji voltaria para escutar sua decisão quanto ao que fazer, porem o grupo já tinha decidido. Eles lutariam até o fim. Eles sabiam que era mais fácil matar Ryoji agora, viveriam como se nada tivesse acontecido e, no dia 30 de janeiro, tudo acabaria.

O mundo acabaria.

Mas o grupo decidiu deixar Ryoji viver e, com isso, eles se lembrariam de tudo... A morte de Shinjiro e Chidori... As novas amizades...

Mas ele seria? Ele foi o líder, ajudou todos como podia, sempre se esforçando para ser o primeiro da classe, bom aluno, excelente amigo. Mas ele tinha a impressão de que ele não sobreviveria... Na verdade ele sempre viu a morte de frente, literalmente.

Ele havia vivido dentro de seu corpo.

Foi quando Ryoji chegou e falou com todos, dizendo que ele esperaria em seu quarto e todos te olharam como se dissessem “você sabe o que fazer” Ele sempre soube...

Caminhou firmemente até seu quarto e abriu a porta. Lá estava Ryoji... Pharos... The Death. Apesar de tudo que ele significava, ele sentia-se atraído pelo garoto. Ele foi o único que parecia entendê-lo completamente. Talvez por que ele representasse sua verdadeira arcana.

Ele fechou a porta e foi até ele, colocando as mãos nos bolsos.

“Faz tempo desde a ultima vez que conversamos aqui no seu quarto... só nós dois.” Ele disse, se recordando que toda half-moon ele vinha avisá-lo sobre a lua cheia, como Pharos, e pedir para que ele tomasse cuidado. “Então, vocês tomaram a decisão?”

“Sim.” O garoto de cabelos azuis escuros falou para o garoto de cabelos negros. “Nós... eu não vou matá-lo.” Ele respondeu simplesmente.

“Não precisa se influenciar por causa dos outros. Estamos a sós aqui. Você quer viver até o ultimo instante sabendo que irá morrer? Não precisa se preocupar comigo, eu não sentirei dor.” Ele sorriu, se levantando e indo até o garoto que havia sido seu único companheiro por dez anos.

“Eu não vou te matar, Ryoji.” O garoto de cabelos azuis respondeu simplesmente.

“Você deve estar sendo influenciado por minha forma humana, porem ela não é a real.” Ele falou e então se transformou em Thanatos, um persona que ele conhecia tão bem... Thanatos sempre foi o que ele mais confiava. “Vê? Essa é a minha forma verdadeira... Me mate, ¹Ienzo.” Ele pediu.

“Não vou fazer isso, Ryoji.” Ienzo respondeu e o outro garoto voltou à forma humana em derrota.

“Por quê? Você sabe que eu só trago o mau para as pessoas. Eu te fiz sofrer desde que você tinha seis anos... Por que, Ienzo?” Ryoji olhou-o com uma intensidade que o garoto não conseguia identificar a emoção. Ele caminhou para perto do garoto mais baixo, segurando-lhe o pulso. “Por que não me mata. Eu não quero ter que matá-los. Eu não quero matá-LO”

“Eu também não quero matá-lo, Ryoji.” Ele falou calmo, olhando nos olhos do moreno. “Você foi... é... a única pessoa que eu me senti bem em toda a minha vida. Se eu pudesse, eu...” O garoto hesitou pela primeira vez na vida, o pelo menos a primeira vez na frente de alguém.

Mas se o menor não se moveria, então o moreno era quem agiria. Seus lábios colidiram com os do garoto que havia lhe ensinado a sentir. A pessoa que havia lhe mostrado como era bom viver. Ele havia visto o garoto chorar tantas vezes... Havia visto ele agonizar de dor, seu sofrimento na morte de seus pais, quando ele havia sido selado no garoto a tão pouco tempo. Porem quando ele estava no meio de outros humanos ele agia como se ele não tivesse sentido nada, ele não chorava, seu sorriso era falso.

E tudo isso parecia criar uma ferida ainda maior no peito daquela criança, que agora tinha dezesseis anos e ele estava a beijar os lábios com paixão. Se ele pudesse, ele salvaria a criança.

Se ele pudesse, faria de tudo para ver o garoto de olhos tão inocentes sorrir, um sorriso verdadeiro. Ele queria ver a felicidade refletida naqueles olhos azuis... Olhos que, apesar de tudo, continuavam inocentes.

Foi então que Ienzo começou a retribuir ao beijo. Suas mãos estavam tremulas, mas ele as enlaçou em volta do pescoço do garoto mais alto, tirando o cachecol amarelo e jogando-o para o lado. Seus dedos gelados de nervosismos tocaram a têmpora do mais alto e este gemeu no beijo, permitindo ao mais tímido passagem para sua língua.

Aquele beijo aprofundou-se mais e os dois jovens já estavam na cama, seus rostos vermelhos e sua respiração ofegante. Eles se olharam durante algum tempo e então se separaram. Por mais que quisessem aquilo. Seus amigos estavam no andar de baixo esperando o fim da conversa e após a meia noite Ryoji iria para perto de Nyx, onde ficaria até a batalha final.

“Melhor avisar os outros do resultado da conversa.” Disse Ryoji, olhando para o garoto ao seu lado. Este o olhando com um misto de felicidade e tristeza.

“No final, eu vou ter que lutar contra você, não é?” Ele perguntou, sua voz fraca, como se ele estivesse a chorar. Ryoji sabia que o garoto estava a lutar para não deixar suas lagrimas caírem, como ele sempre fazia.

Ele suspirou, abraçando-o e passando a mão por sua cabeça. “Sim... Se você chegarem até o topo do Tartarus nós iremos lutar.” Ele sentiu o garoto finalmente quebrar em seus braços. Ele sempre pareceu tão forte para os outros, mas o contrato que ele, Ryoji, tinha feito o garoto assinar quando este entrou no dormitório só piorou as coisas, pois agora, alem de tudo, ele acreditava que não importava o que acontecesse, ele deveria agüentar tudo de boca calada. Agora o garoto finalmente estava se deixando ser consolado por alguém. Ele nunca havia deixado ninguém ver esse lado dele, era ele sempre quem consolava os outros. “Eu... realmente gostaria que você me matasse agora...” Ele falou baixo, sentindo o garoto em seus braços soluçar e segurar sua blusa. “Eu não quero vê-lo sofrer mais... Pelo menos você morreria em paz...” Para ele, a morte era inevitável... Ninguém naquele grupo tinha poder suficiente para realmente derrotá-lo, quando estivesse fundido com Nyx, muito menos para destruir a própria.

“Eu nunca morreria em paz esquecendo-me de todos os amigos que eu fiz nesse ultimo ano. Nem das mortes que presenciamos.” Ele falou baixo, já se recuperando e se levantando, passando as mãos no rosto para secá-lo. Obviamente ele estava frustrado e zangado. Frustrado por que apesar de tudo ele não conseguiria nunca ter a pessoa que ele amava do lado, e Zangado por que ele havia se deixado chorar na frente dele. Ele deveria ser forte por todos no grupo. Ele deveria segurar todos quando eles precisassem, não ser segurado. “Vamos... Vamos falar com os outros.” Ele olhou para Ryoji com um sorriso que o moreno sabia que era falso.

“Certo.” Ele falou, se levantando e pegando seu cachecol amarelo e colocando-o de volta no lugar. “Mas eu prefiro mais quando você estava chorando...” Ele disse, passando pelo garoto e vendo-o o olhar em confusão. “Pelo menos as lagrimas eram reais.” Ele sorriu levemente e o garoto ao seu lado suspirou, sorrindo de canto.

“Voices of the wind and beads of light I let flow to you
I won't forget your gentle smile sadness hidden in your eyes
Even if wishing is painful, you gave me courage to stand up
So I'll go; we'll meet again when you awake in your dream

I hold faraway memories to my heart and sing”

Memories of You – Kimi no Kioku – Persona 3

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¹Ienzo – Neste jogo, o personagem principal não possui nome, então cada pessoa pode escolher um nome para ele, no meu caso foi Ienzo. Na novelization (manga oficial) do jogo, o nome dado pelo autor foi Minato.

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