“Você acha mesmo que isso vai dar certo?” A garota de cabelos roxos perguntou, seu único olho amarelo caiu sobre jovem garoto de cabelos ruivos caído em uma sela, como se esperasse. “Sabe que não temos mais tantos seventh fônons como tínhamos há três anos.” Sua voz era meio ríspida, talvez ela fosse algum tipo de comandante ou general.

“Você se preocupa de mais, Cantabile.” Disse o homem de longos cabelos negros, sorrindo e olhando em direção a maquina de ⁴fomicry a frente dele, maquina que lembrava muito um gigante relógio de areia, porem este não tinha areia dentro, mas sim um variado numero de inscrições e símbolos. “Se nós criarmos uma replica que seja ²isofonon ao original, tudo dará certo.” Ele olhou para a porta daquele laboratório, respirando fundo. “Acredito que terei de deixar que você faça as honras, minha doce general. Tenho assuntos a tratar fora da ilha de ⁵Feres. Se puder me fazer esse favor?”

A garota o olhou por algum tempo e depois bateu continência. “Sim, Falcon.” E viu o homem sair daquela mansão em direção a seus afazeres.

Seu olho amarelo, novamente, caiu sobre o garoto de cabelos vermelhos... Ela não aprovava em nada o que seu superior queria fazer com esta criança... Sim, criança, pois mesmo o garoto tendo aparência de 20, ela sabia que ele só possuía dez anos.

Ela tinha que arranjar um modo de tirá-lo dali o mais rápido possível. Mas não sabia como... Ela tinha certa confiança de Falcon, mas ele com certeza não confiava completamente nela, já que em volta da mansão destruída, existiam as replicas restantes dos Oracle Knights que Van havia feito há três anos, assim como as replicas dos pesquisadores de ⁵Belkend e ⁵Sheridan estavam a arrumar os últimos detalhes para iniciar aquela maquina de replicas.

“Andem logo.” Comandou a mulher, seu olhar duro caindo sobre as replicas, mesmo que esta não fosse sua vontade. “Quanto mais rápido começarmos, mais rápido terminamos.” Ela disse por fim. Por enquanto, ela teria de dançar a musica conforme lhe era dito.

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“AH!” Gritou mais uma vez. Seu corpo inteiro formigava por causa de tal agressão. Quanto tempo se passara desde que fora raptado? Um dia? Uma semana? Um mês? Ele não sabia... Sinceramente, ele não sabia.

Sua mente nunca ficou consciente o bastante para poder contar os minutos que passava naquela maquina maldita. Seu corpo doía... cada milímetro... cada ³fonslot ardia como se estivessem ateando fogo em seu corpo.

Ele não entendia direito o que estavam fazendo com ele, só entendia que aquilo doía mais do que nunca, e sempre que a dor parava, sua consciência rodava e rodava e ele mal podia entender o que estava acontecendo a sua volta.

E depois de vários momentos – ele não sabia dizer se foram minutos, horas ou dias – ele finalmente escutou as pessoas gritarem em alegria. Eles finalmente haviam conseguido... mas conseguido o que? Ele não sabia.

Seu corpo estava tão fraco... o que eles fizeram com ele...? Ele viu uma sombra que ele não identificava se aproximar e passar a mão por seus cabelos suados. Ela suspirou e falou “Descanse... acabou.” E como se fosse uma ordem, sua consciência foi sendo consumida por escuridão.

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Alguém colocava algo molhado em sua testa... parecia um pano... Era bom senti-lo, finalmente algum conforto. Os olhos se abrem e ele vê alguém cuidando dele.

Primeiro ele via um borrão vermelho, porem depois a imagem começou a se focar e ele começou a identificar a figura humana a cima dele. Ele tinha olhos aqua, cabelos ruivos longos e pele branca... ele era como...

“AH!” Luke gritou, se sentando abruptamente e sentindo seu corpo inteiro doer com a movimentação brusca. Ele se encolheu em retorno e viu o garoto que era idêntico a si, porem mais novo, o olhar preocupado, fazendo sinais para ele se acalmar.

Como isso obviamente não causou resultado nenhum, o garoto tentou colocar-se em pé e, lentamente, mas cambaleante, caminhou até a porta do quarto, a abrindo e olhando para os lados. “Can... Can!” Ele parecia chamar alguém, mas não obteve muita sorte, então ele olhou para Luke novamente e fez uma cara meio triste.

Luke, no meio tempo, tentava conseguir sua compostura de volta e analizar tudo que havia passando naqueles últimos instantes – ele não sabia o tempo exato – até aquele momento. Aquela dor era parecia com a aquela de quando Sync e Largo reajustaram seus fonslots e ele começou a conversar com Asch mentalmente.

Jade tinha dito que aquela maquina era uma invenção dele, e que ela servia para fazer replicas... então aquele garoto era uma replica sua...? Ele olhou novamente o garoto e ele trazia um copo d’água para ele, seus olhos tão inocentes quanto seus próprios.

“Você é...”

“Sim, ele é.” Uma mulher que o garoto nunca tinha visto na vida entrou no quarto. Ela era a mesma que falou que ele poderia descançar.

“Can!” O garoto replica gritou em alegria quando a mulher apareceu, abrindo os braços.

“Juhian, eu não disse para não gritar... era só ter puxado essa corda.” Ela falou, mostrando uma corda do lado da cama. “Ju, por favor, pode se retirar levemente, tenho algo para conversar com o Luke. Se puder, traga a comida que eu estava preparando.” Ela falou um tanto doce, esperando o garoto sair para que ela pudesse voltar sua atenção para o garoto. “Meu nome é Cantabile. Você não deve se mexer muito, Luke fon Fabre, seus fonslots ainda devem estar doloridos do fomicry.”

“Então aquilo tudo foi para fazer uma replica minha...? Por que?” Ele a olhou, confuso. “O que você quer com ele?! Ou por que estão usando algo proibido!”

“Não é como se eu tivesse escolha... Falcon nunca me explicou o que ele queria exatamente com uma replica sua. Eu não estou do lado dele, mas tive que ficar para conseguir salvá-lo. Me desculpe se demorei muito. Mas pelo menos consegui salvá-lo e a Juhian.” Ela sorriu levemente, seu olho amarelo indo em direção aos machucados, pegando o pano úmido e passando ele lentamente pelo corpo cansado.

“Você deu o nome pra ele de Juhian? Por que?” Luke perguntou, mais aliviado ao sentir o pano úmido acariciar suas feridas tão suavemente.

“Eu não quero que ele viva na sua sobra, nem que ele te transforme em sombra, mesmo por que ele nasceu com uma aparência bem mais nova que a sua... Alem disso o nome dele quer dizer ¹“Aquele que procura a paz.”, então eu achei perfeito para ele.” Ela respirou fundo, escutando os passos vindos do corredor, avisando que Juhian voltava com a comida de Luke. “Não se preocupe. Já mandei uma águia minha com uma mensagem avisando que você está bem, e assim que eu tiver certeza que Falcon não está mais nesta área vou levá-lo para ⁵Barticul.”

Luke ainda estava um tanto desconfortável, porem as explicações dadas eram boas o suficiente para ele, no momento... Quem sabe no futuro ele não fizesse mais perguntas? Mas agora ele estava morrendo de fome e o cheiro estava bom.

“Can?” Juhian perguntou a porta. Sua roupa, quase um vestido de farrapos, caia-lhe pelos pequenos ombros e seus olhos inocentes perguntavam se ele poderia entrar.

A mulher fez um leve sim com a cabeça, ajudando o garoto de aparentes 10 anos com o prato de comida e esperando que Luke começasse a comer.

Depois de algum tempo em silencio e de Juhian adormecer lentamente no colo de Cantabile Luke a olhou com um dos bolinhos de arroz entre os dedos. “Quanto tempo se passou...? E o que... pretende fazer com ele?”

Ela sorriu levemente, acariciando os cabelos ruivos de Juhian. “Fazem um mês desde que Falcon te raptou... E eu irei cuidar de Juhian como se ele fosse meu filho. Pretendo me esconder. Falcon, apesar de não ser muito conhecido, não pode fazer muito alvoroço sobre isso.” Ela respirou fundo e se levantou. “Bem, descanse. Amanha te levo para Barticul. E, por favor, não conte a eles sobre Juhian...”

Luke fez um leve sim com a cabeça e, sem mais nenhuma pergunta, o garoto terminou sua comida, bebeu um gole de água e adormeceu na cama dura.

Cantabile saiu com Juhian no colo, olhando pela janela da mansão abandonada. ⁵Coral Castle realmente não era usava fazia tempo, e certamente não seria mais usada depois desta noite. Tinha certeza que pela manha os guardas da família real e Fabre estariam lá, procurando pelo herdeiro do trono. Ela não tinha mais o que fazer, se não ir embora. Não queria ter que responder sobre fomicry ou por que ela tinha uma miniatura dos herdeiros no colo.

Ela saiu do castelo e, sem hesitar, começou sua longa caminhada até ⁵Kaitoor, onde pegaria um navio para ⁵Chessedonia, e, de lá, decidiria o que fazer.

-x-

Na manha seguinte, como Cantabile havia pensado, chegaram os White Knights. Luke ainda estava atordoado por tudo que haviam feito com ele, mas com certeza ele estava melhor.

Quando chegou em casa e ficou um mês de repouso em seu quarto, Guy veio falar-lhe sobre todas as medidas que tiveram que tomar para que ninguém soubesse que ele havia sido raptado novamente. Nem mesmo Asch havia ficado sabendo.

Guy só soube por que ele tinha vindo conversar com o garoto sobre Malkuth e chegou quando Suzanne estava aos prantos nos braços de seu marido.

Daqui a um mês seria o encontro onde seria decidido o reino das replicas... Luke tinha que se recuperar para poder ir fazer os arranjos finais, mesmo que Guy falasse que eles poderiam marcar outro dia, se ele precisasse de mais tempo.

Porem uma coisa não estava certa. Seu sangue estava com baixos níveis de seventh fônons ... Ele não entendia o por que... Talvez aquela maquina tivesse lhe roubado para conseguir fazer sua replica. Ele não sabia dizer ao certo.

Seu medico disse que, apesar do perigo de desaparecer como da ⁶ultima vez, ele ainda ficaria extremamente fraco durante, talvez, um ano ou um pouco mais, não tinham certeza.

Ele olhou pela janela de seu quarto e suspirou. “Asch...” Murmurou, olhando a lua. ‘Sera que quando eu ‘nasci’ você também passou por isso...?’

Ele fechou os olhos e, lentamente, deixou-se dormir. Seu sonhos sendo atormentados pelas lembranças da maquina, dos pensamentos de como Asch se sentiu quando isso aconteceu com ele e de como estava a jovem replica que ele não teve mais notícias...

Secret - Fim

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¹”Aquele que procura a paz” – Como o jogo diz que existe outra língua e talz e o nome de um bando de personagens tem esse estilo de tradução, eu inventei para o Juhian.
²isofonon – Ter os mesmos fonslots que outra pessoa.
³fonslot – como se fossem células do corpo humana que capturam os Fonons da atmosfera.
⁴fomicry – é como é chamado, em Tales of the Abyss, a tecnologia de criar replicas.
⁵Barticul, Sheridan, Belkend, Chessedonia e Kaitoor – são localidades do jogo Tales of the Abyss
⁶Ultima vez – No jogo, durante o final, Luke fica com baixos níveis de seventh fônons e dizem que ele irá morrer em pouco tempo, já que ele não tem um corpo normal e não pode recuperar os fônons da atmosfera.

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