No momento de sua morte, por alguma razão desconhecida, Asch se ‘fundiu’ com Luke, fazendo com que o garoto conseguisse se utilizar da rara second-level hyper-ressonance e assim conseguir salvar seus amigos de uma armadilha colocada por Sync.

Vendo tudo através dos olhos de sua replica, Asch viu Natalia chorar e pode sentir sua – maldita – replica culpar-se pelo acontecido. E por alguma razão Asch teve vontade de retirar tudo o que disse para ele no dia que o desafiou para a batalha decisiva entre os dois. Aquele garoto – criança – que havia roubado tudo que já tinha lhe sido precioso na verdade não teve culpa nenhuma.

O garoto foi criado para substituí-lo, para morrer em Akzeriuth e fazê-lo, Asch, sobreviver. O Fato de ele ter sido colocado em seu lugar não teve nada com a opinião própria dele, mas sim de seu mestre, Van. E mesmo assim ele jogou todo seu ódio contra aquela criança – adolescente – que agora procurava algo que o motivasse a viver.

As outras cenas passaram como um flash. A conversa entre Van e Luke, a vitoria do garoto. A despedida, a promessa e a declaração de Tear antes de deixar o lugar, a libertação de Lorelei e o fim completo dos planos de Van.

Porem a parte que lhe voltou a deixar com raiva foi o momento em que o garoto disse seu pedido.

“Eu tenho um pedido... Eu gostaria que Asch voltasse à vida... Ele merece receber tudo que eu roubei dele durante esses sete anos. Ele tem esse direito. Por favor... é a única coisa que eu peço.”

Ele não poderia acreditar como alguém conseguia ser tão ridiculamente IDIOTA! Enquanto meio mundo lutava para sobreviver, lá estava ele – NOVAMENTE – abrindo a mão de sua vida para deixá-lo – ASCH – vivo.

Essa não foi a primeira nem a segunda vez que aquela replica – humano – se deixava sacrificar em prol dele – Asch –, seu original.

Ele tentou gritar, tentou se comunicar e dizer que não queria aquela – maldita – vida, porem ninguém pareceu escutá-lo – estava morto – e logo o ruivo sentiu seu corpo mórbido esquentar-se enquanto o corpo de Luke se desfazia.

-x-

“IDIOTA!” foi a primeira coisa que disse – gritou – quando acordou, ainda flutuando dentro da barreira que a replica – Luke – havia feito para poder libertar Lorelei.

Sua voz, seu corpo, sua vida, tudo havia voltado a ser como era antes dele ser morto, mas ele não estava contente. Algo em seu peito dizia que aquilo estava extremamente errado! Ele era um guerreiro, ele deveria morrer em batalha e não deixar o civil morrer para que ele sobrevivesse!

“Lorelei!” Gritou o jovem em fúria. Ele ainda não conseguia acreditar que aquela – idiota – replica havia mesmo feito isso! Ele esperou até que o espírito voltasse a aparecer em sua frente, com uma face – face? – impassível. “Me traga o idiota de volta.” Falou quase em tom de ameaça, apesar de que ele sabia que nada poderia fazer se Lorelei não pudesse – quisesse – trazer o idiota de volta.

“Não possuo energia suficiente para trazê-lo de volta, Asch. Não agora. Preciso me retornar ao Fon Belt.” Disse calmamente ao jovem estressado a sua frente.

“Droga!” Brigou, fechando os punhos com mais raiva que nunca... e por que ressentia tanto pela replica...? Ele não a odiava... Não, no final ele soube aceitar que sua replica era mais do que uma simples replica. Talvez fosse por isso que ele não quisesse que o outro morresse. Ele ainda possuía seu lado puro, como uma criança – que era –.

Não que ele fosse deixar alguém saber que ele não desprezava o garoto, nunca!

Lorelei analisou as feições do jovem God-General e pareceu pensar. “Eu acredito, porem, que possa o trazer de volta. Não imediatamente, mas isso vai me custar tempo. Se você aceitar esperar mais do que dois anos para retornar a vida junto com sua replica...”

“Que seja.” Ele falou meio corado, meio sem jeito. Dois anos era muito tempo, porem se sua replica lhe sacrificou a vida para fazê-lo voltar, então ele sacrificaria esses dois anos de bom grado – não tão bom assim –.

Lorelei sorriu. Ele sabia que os fragmentos de sua alma, as Chamas Sagradas, nunca iriam tomar decisões egoístas, por mais que a natureza humana lhes dissesse o contrário. Ele tinha orgulho dos dois, e era grato a ambos pela sua libertação e mudança do destino.

“Que assim seja” disse por fim.

Asch observou Lorelei carregá-lo para o Fon Belt, e lá ele fundir mais seventh fônons ao seu – Asch – corpo enquanto outra parte começava a juntar-se em um aglomerado, onde, depois de alguns meses, ele viu a forma de Luke se formando lentamente.

Três anos depois, no dia de seu aniversário, os dois renasceram. Estavam sentados, um encostado no outro, em Tataroo Valley, perto de onde as Selenias, flores que só florescem ao anoitecer, estavam. Asch parecia ser o único acordado, pois sua replica – não mais replica – não se movia.

O ruivo percebeu que ambos estavam com novas roupas, um sobre tudo branco, calça preta e um cachecol preto. Ele sentia presa a sua cintura a arma que ele usava quando era God-General, e quando ele olhou para Luke, o garoto tinha consigo a Key of Lorelei. Ele sorriu de canto, como se aquilo não fosse obvio. Levantou-se, percebendo que o cabelo de sua replica estava do mesmo tamanho que o seu, e da mesma cor.

Riu, agora os dois pareciam gêmeos. Foi quando sua atenção foi chamada para um grupo de pessoas entrando aquele local e uma garota de cabelos castanhos começar a cantar.

“Eu acho... que tive um pouco de problemas...
...O resto fica por sua conta...”

Recomeço – Asch’s Part – Fim

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